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8 de jun. de 2013

“Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt. 7:1).
Se alguém fizesse uma pesquisa sobre os versículos bíblicos mais populares, acredito que Mateus 7: 1 estaria não só entre os mais conhecidos como também entre os mais usados. Quem nunca citou ou presenciou alguém citando o versículo ao se sentir agredido por uma acusação de pecado? Mateus 7:1 surge como arma de defesa, como um escudo, um argumento para afirmar que ninguém tem autoridade para dizer alguma coisa sobre a vida de outro.
Fico pensando em como seria bom que, ao mesmo tempo que as pessoas lembrassem de Mateus 7:1, também lembrassem de outra declaração de Jesus, em João 12:47-49:
“Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia. Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar”.
Como é importante lembrar que, diante da Palavra de Jesus, ninguém pode escapar de ser julgado. Podemos afastar os julgamentos que vem dos homens, mas não podemos fazer o mesmo quando o julgamento vem da Palavra.
A Palavra é padrão e critério para que qualquer conduta seja avaliada.
O que Jesus reprova em Mateus 7:1 é julgarmos pessoas e condutas a partir de nossos próprios critérios. Afinal, com o critério com que julgarmos, seremos julgados, e com a medida com que medirmos, seremos medidos. Por isso, Jesus nos diz: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”(Jo. 7:24).
Somos chamados para enxergar tudo pela ótica da Palavra, e, partindo dela, podemos cumprir o mandamento que nos é dado em Gálatas 6:1 – “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” .
“Não julgueis” não é uma justificativa para a omissão, mas uma repreensão à arrogância humana em julgar as coisas a partir de seus próprios critérios. Jesus não nos autoriza a deixarmos nosso irmão com um cisco em seu olho enquanto permanecemos com uma viga no nosso. Nem mesmo nos ordena a tirarmos a viga do nosso e deixarmos nosso irmão com um cisco. Ele simplesmente ordena:“tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão” (Mateus 7:5).
Em Cristo,

3 de jun. de 2013

Medo não, Temor sim.

Muitas vezes temos que lidar com palavras que apresentam mais de um significado. Também lidamos com isso na Bíblia, onde vemos uma mesma palavra se referindo a objetos distintos. Isso acontece, por exemplo, com a palavra temor. O livro de Êxodo 20:20 diz: “E disse Moisés ao povo: Não temais, Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, afim de que não pequeis”. Parece haver uma  contradição nesse versículo: como pode Moisés dizer “não temais” e ao mesmo tempo dizer que o povo temesse a Deus?
Se olharmos mais atentamente, veremos que não há contradição, pois em cada situação nesse versículo a palavra temor é usada para fazer referência a duas posturas diferentes, que se distinguem uma da outra por seus resultados. Chamaremos a primeira de medo, e a segunda de temor. Embora os dicionários apresentem significados comuns para medo e temor, veremos que essas posturas se diferem tanto por seus resultados, como por seus fundamentos.
O temor consiste em ter plena consciência de nossa responsabilidade diante de Deus, de que Ele é justo juiz. É por isso que Pedro nos diz: Se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação (I Pe. 1:17). Já o medo nos faz fugir das responsabilidades, por pensarmos que não vamos atendê-las. O medo também nos leva a nos esconder de Deus. Essa foi a reação do homem após o pecado. Já o temor a Deus nos faz nos aproximar dEle, pois o salmista nos fala: “a intimidade do Senhor é para os que o temem” (Sl. 25:14). O medo nos paralisa, tal como paralisou os espias que não quiseram conquistar a terra que Deus lhes havia prometido. Já o temor nos impulsiona a alcançar aquilo que Deus nos prometeu, pois sabemos que fiel é quem nos fez a promessa. Aliás, essa é a diferença fundamental entre medo e temor, as consequências de um e de outro são resultados de seus fundamentos: quem tem medo é paralisado pela falta de clareza sobre o caráter de Deus. Mas aquele que teme é movido pela clareza de quem Deus é. O medo se baseia na dúvida, e o temor se baseia na fé.
Portanto, estando bem seguros em quem temos crido, andemos em temor durante nossos dias, plenamente conscientes de nossa responsabilidade diante de Deus, e cumprindo a Sua vontade.

2 de jun. de 2013

R
eino é uma forma de governo em que a autoridade reside em um rei. Esse governo se estende sobre todos os territórios e pessoas que estão debaixo do domínio do rei. Nos tempos bíblicos, a maioria dos povos era governada por reis. Por isso, as nações eram chamadas reinos. 

O Que é o Reino de Deus? 



É o governo de Deus. Deus é a fonte de toda autoridade. Ele é o rei absoluto do universo por direito inerente, por ser seu criador, dono e sustentador. Ele é a autoridade suprema sobre tudo que existe, sobre o que é visível, e o que é invisível, sobre a criação, os anjos, a humanidade, a história, as nações e os eventos futuros. 
Sl 93:1-2 O Senhor reina; está vestido de majestade. O Senhor se revestiu, cingiu-se de fortaleza; o mundo também está estabelecido, de modo que não pode ser abalado. O teu trono está firme desde a antigüidade; desde a eternidade tu existes. 
Sl 97:1-2 O Senhor reina, regozije-se a terra; alegrem-se as numerosas ilhas. Nuvens e escuridão estão ao redor dele; justiça e eqüidade são a base do seu trono. 
Por ser autoridade, um dia Ele julgara a todos com justiça. Deus é o Rei do Universo e Rei Eterno (Salmos 99:1; 145:13; 146:10).
Existem dois aspectos do reino de Deus:

a) O governo natural de Deus sobre a criação 



Deus exerce seu governo sobre o universo de um modo natural. As galáxias, constelações, estrelas, sois, a terra, as distintas espécies de fauna e de flora, a vida biologia em todas as suas variedades (a célula, a molécula, o átomo, etc.). Tudo, absolutamente tudo é regido por Deus. Ele criou todas as coisas por sua palavra. Ele mandou e foram feitas. 
Hb 11:3 Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê. 
Ele sustenta todas as coisas palavra do seu poder (Hb 1:3).A natureza obedece ao governo de Deus de um modo espontâneo e natural (obviamente não se trata de uma sujeição consciente e voluntária como no caso do homem). 

b) O governo moral de Deus sobre os homens 



O homem é um ser moral, criado por Deus a sua imagem e semelhança, com atributos de personalidade: espírito, vontade, intelecto e emoções. Deus exerce governo moral sobre o homem esperando dele uma sujeição consciente e voluntária. Deus autoridade suprema, expressa sua vontade ao homem por meio de sua palavra. O homem é um ser criado com responsabilidade moral e capacidade de decisão, é responsável por obedecer consciente, voluntária e inteligentemente a palavra de Deus, reconhecendo e acatando, desse modo, o reino de Deus sobre sua vida. 

2) A Situação do Homem Diante do Reino de Deus 


A criação do homem 



Deus criou o homem e a mulher a sua imagem em semelhança. 
Gn 1:26-27 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra. Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 
Gn 2:7 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.
Já mencionamos que o homem, feito a imagem e semelhança de Deus, tinha espírito e atributos de personalidade. Além disso, essa imagem divina se via em seus atributos morais. Em seu estado de inocência perfeita, Adão e Eva refletiam a santidade, a justiça e o amor de Deus. 

Deus exerce seu governo sobre o homem 



Em pleno exercício de sua autoridade, Deus governava sobre o homem e sobre a mulher mediante sua palavra: “frutificai e multiplicai, enchei a terra e sujeitai-a” (Gn1:28-31). O homem deveria lavrar a terra e cuidar dela (Gn2:15). Podia coer do fruto das árvores e das plantas. Podia ter relacões sexuais com sua esposa, pois eram uma só carne (Gn2:24-25). 
Aquele que era a autoridade suprema estabeleceu limites para a conduta do homem, dizendo: 
Gn 2:16-17 Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. 
Tudo era perfeito e bom enquanto o homem e a mulher viviam submissos a autoridade do Rei Eterno, ou seja, enquanto viviam sob a autoridade do governo moral de Deus. 

A entrada do pecado na vida humana 



Enganados por Satanás, primeiro a mulher e depois seu marido, se rebelaram contra a vontade de Deus, comendo do fruto proibido e pecaram.
 Gn 3:6 Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. 
O que é o pecado? Justamente isso: rebelião contra Deus. É insubordinação a sua autoridade. É fazer a minha própria vontade, fazer o que eu quero, aquilo que para mim parece bem, desconhecendo desse modo a autoridade de Deus. Isso é exatamente o que Satanás quis e ainda quer alcançar em todo homem. 

A condição atual do homem 



Do mesmo modo que Adão, todos temos pecado contra Deus, tanto pela herança pecaminosa que recebemos, como por nossas atitudes pessoas diante de Deus. Cada um vive como quer, fazendo a própria vontade. As conseqüências dessa rebelião estão a vista de todos nós: orgulho, temores, ansiedades, depressões, enfermidades, iras, inseguranças, ódios, crimes, divórcios, mentiras, inimizades, rancores, problemas familiares, etc. Todos esses são sintomas da morte: morte espiritual, que finalmente resultará na morte física e logo, a condenação eterna. 
Quantos males vieram sobre a humanidade por não viver sob o reino de Deus! Quão triste é a condição atual dos homens! Para piorar a situação, o homem não tem em si nenhum recurso para mediar ou reverter esta situação, que essencialmente é um problema espiritual. 

3) O Evangelho do Reino de Deus 



Mr 1:14-15 Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho. 
Jesus ia por toda parte pregando e ensinando sobre o reino de Deus. Esse era seu tema principal e quase se poderia dizer, seu único tema. Havendo já considerado o que é o reino de Deus, cabe agora a pergunta: o que é o evangelho do reino? 
Evangelho significa boa notícia (boa nova). Jesus anunciou aos homens a boa notícia do reino de Deus. Foram boas notícias porque o momento esperado e anunciado pelos profetas havia chegado. E também são boas notícias porque Deus, em seu amor, mandou seu Filho, não para condenar o mundo, mas para salvar o mundo. 
Nós homens, excluídos da presença de Deus por nossa rebelião, agora recebemos a boa notícia de que o reino de Deus chegou sobre nós, e que mediante o arrependimento – uma mudança total de atitude – e a fé em Cristo, nos é dada a possibilidade maravilhosa de nascer de novo, por causa da morte e ressurreição de Cristo, para entrar assim no reino de Deus.
De nossa parte, isso significa um compromisso total de viver sob o governo de Deus, sujeitando-nos à autoridade de Jesus Cristo. Da parte de Deus, significa o perdão total de nossos pecados, uma vida nova, ser feitos filhos de Deus e viver o seu reino aqui e agora, bem como por toda eternidade. 

4) Os Dois Reinos 



Todos nós vivemos segundo certas normas e hábitos, mesmo que não sejam mais que simples modas que mudam a cada momento. Podemos classificar os seres humanos em dois grupos: os que vivem como querem e os que vivem como Deus quer. São dois conceitos de governo da vida que são diametralmente opostos entre si. Nas sagradas Escrituras, estes dois governos estão identificados como O IMPÉRIO DAS TREVAS e o REINO DE DEUS. Esses dois termos aparecem na carta de Paulo aos Colossenses onde o apóstolo, falando de Deus, afirma: 
Cl 1:13 e que nos tirou do império das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado. 
A Bíblia também declara que Satanás é o que domina sobre o império das trevas, enquanto Jesus Cristo exerce o governo sobre o reino da Luz. 

O Império das Trevas 



Aquele que pretende viver segundo seus próprios critérios se engana. Quando alguém faz o que quer, pensa que está tudo bem, mas na realidade está se destruindo e caindo na armadilha do diabo. Por isso devemos levar em conta que a raiz do mal do homem está em sua rebelião, seu egoísmo, sua pretensa independência de Deus. Ao não levar em conta a Deus, nem reconhecê-lo como dono e rei sobre sua vida, está seguindo o mesmo caminho de Satanás e terminará como conseqüência, debaixo de seu domínio. 
Satanás é chamado na Bíblia de “o príncipe desse mundo” (Jo12:31, Ef2:2). Com seus demônios ele exerce uma força espiritual maligna cujo propósito é transtornar, arruinar e, por fim, destruir o homem. Por isso há tanta confusão e maldade ao nosso redor, e muitas vezes no próprio ser humano. A atividade de Satanás no mundo é mostrada em muitos textos bíblicos, como os seguintes: Ef2:1-2,6:11-13, Jo10:10, 2Co6:3-4. 
É importante entender que nossos recursos humanos não são suficientes para fazer-lhe frente ou evitar cair em suas garras. Temos que depender de Cristo. “Para isso se manifestou o filho de Deus, para destruir as obras do diabo” (1Jo3:8). Lucas também testemunhou de “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, o qual andou por toda parte fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo” (At10:38). 

O Reino de Jesus Cristo 



Quando as Escrituras se referem ao reino de Deus, não estão falando do céu ou do lugar onde Deus habita, senão do governo de Deus. Ele fez o mundo
e como criador, tem o direito de governá-lo. Seu governo é exercido na luz, com justiça, santidade e amor. O governo sempre reflete o caráter do governante. Nesse caso, é Jesus Cristo quem governa com a autoridade que surge de sua morte e ressurreição, pelas quais revelou o amor e a justiça de Deus, e ganhou o direito de reinar sobre o mundo inteiro. 
Além disso, como Deus criou o homem a sua imagem, este nunca poderá viver bem ou realizar-se aparte da vontade de Deus. Sem ela, não se pode ser a pessoa que Deus quer que seja. 
Todos nós nascemos no reino das trevas por sermos descendentes de Adão (Ef2:3), mas Deus quer nos transportar para seu Reino. Por isso Ele enviou seu Filho, que nos chama a segui-lo e sermos seus discípulos. A verdadeira conversão é ser livre do poder das trevas e transportado para o reino da luz. 

5) As características de cada Reino



No mundo natural cada nação tem suas características que a identificam, bem como a cada um de seus cidadãos. No mundo espiritual isso também acontece. Tanto o reino das trevas quanto o reino da luz tem características pelas quais podemos identificar seus súditos. 

A lei 



A lei é um código de conduta que rege a vida dos cidadãos de uma cidade, estado, pais ou reino: 
A lei do reino das trevas: viva como quiser. Cada um vive de acordo com a própria vontade. Cada um vive como quer, faz o que lhe parece mais correto, o que lhe convém, o que lhe dá na telha. 
A Lei do reino da Luz: viva como Jesus quer. Os discípulos vivem como o Senhor manda, vivem para agradar a Deus. Não é uma questão de obedecermos quando quisermos, mas obedecermos em todos os momentos. 

O Idioma 



A maneira de falar demonstra o que a pessoa tem no coração (Mt12:34). Observando o idioma que uma pessoa fala é possível identificar a que reino ela pertence: 
O idioma do reino das trevas: reclamação, murmuração, queixa, lamento. O filho queixa-se contra a mãe; a mãe queixa-se contra os filhos; a esposa contra o marido e vice-versa. Reclama-se do governo, do emprego, do patrão, do clima, etc. 
O idioma do reino da Luz: louvor, gratidão. Louvor não significa cânticos ou música. A música é apenas uma maneira de se expressar o louvor. Louvor é contentamento e gratidão ao Senhor por tudo. 

A Bandeira 



As cores e a disposição das cores na bandeira identificam o país. Normalmente não são necessárias as palavras, apenas observando a bandeira podemos identificar o país pelo que vemos. 
A bandeira do reino da Luz: amor. Amar os irmãos, o próximo, e até aos inimigos . Este é o sinal que identifica um discípulo (Jo13:34-35). Não é a doutrina o cabelo, a roupa, mas o fatio de nos amarmos uns aos outros. 
A bandeira do reino das trevas: egoísmo. Amo a mim mesmo. Vivo para mim. Me esforço para mim. Penso apenas em mim. Contanto que comigo esteja tudo bem que importa os outros? 

1 de jun. de 2013

Divórcio e Recasamento

O CASAMENTO


 O PACTO MATRIMONIAL
Adicionar legenda

    
     A família é o núcleo básico da sociedade. É no casamento que se origina e se fundamenta a família.

“Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, [e unir-se-á à sua mulher,]
e serão os dois uma só carne; assim já não são mais dois, mas uma só carne.
Porquanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.”
                                                                                 ( Marcos 10:7-9)

Considerações elementares que surgem dessa lei:

·      O casamento é monogâmico, surge da união entre um homem e uma mulher. E os dois se tornam um.
·      O casamento é uma união total; os cônjuges se tornam uma só carne. Isto inclui todos os aspectos da vida do homem e da mulher: unidade física, sexual, econômica, afetiva, espiritual, etc.


I. O CASAMENTO FOI INSTITUÍDO POR DEUS

·      Não foi instituído por uma lei humana, nem idealizado por alguma civilização. O matrimônio antecede a toda cultura, tradição, povo ou nação; é uma instituição divina. Portanto, é Deus quem determina as leis e princípios que o regem.
·      O casamento não é uma sociedade entre duas partes, onde cada parte impõe suas condições. Por ser uma instituição divina, é Deus quem estabelece as condições. Nunca o homem. Nem a mulher. Nem os dois de comum acordo. Nem as leis de uma nação podem determinar essas condições.
·      Todo aquele que se casa deve aceitar as condições estabelecidas por Deus para o matrimônio.
·      Como Deus é amor e infinitamente sábio, as leis e condições que estabeleceu para o casamento são para o nosso bem e de toda a humanidade.

II. UMA INSTITUIÇÃO CRIADA ANTES DA QUEDA

   O casamento é um dos três elementos da vida humana estabelecida por Deus na criação, antes da queda:

Casamento- Gênesis 2:18
Trabalho   - Gênesis 2:15
Descanso  - Gênesis 2:1-3

    Portanto, antes do problema da queda, Deus já havia estabelecido os padrões e condutas para essa tão importante relação. Assim como o trabalho e o descanso são para toda a humanidade, quer sejam cristãos ou não, os princípios do casamento são, também,  para toda a humanidade.
   É importante esclarecer isso pois alguns, de maneira descuidada, dizem que, como se casaram sem estar no Senhor, sua união não foi feita por Deus, portanto podem se separar , pois não foi Deus que uniu. Se pensarmos dessa forma estaremos dizendo que todos os casais que não estão no Senhor, podem trair um ao outro livremente pois não existe de fato um casamento; também estaremos dizendo que nossos pais que não conhecem o Senhor, ou que se casaram sem conhecer o Senhor, em verdade não eram casados.
   Por isso é importante sabermos que existem três elementos que determinam um casamento que “Deus uniu”, elementos esses que regem todos os homens. Assim como a lei da gravidade afeta a todos, por ser uma lei universal, o casamento é composto de leis universais que também afetam a todos.

III. TRÊS ELEMENTOS DETERMINANTES DO CASAMENTO

·      Pácto mútuo
·      Testemunho diante da sociedade
·      União sexual


1. Pacto mútuo

   O casamento é um pacto celebrado entre um homem e uma mulher diante de Deus.

“E vocês ainda perguntam: "Por quê? " É porque o Senhor é testemunha entre você e a mulher da sua mocidade, pois você não cumpriu a sua promessa de fidelidade, embora ela fosse a sua companheira, a mulher do seu acordo matrimonial”. 

                                                             (Malaquias 2:14)

     O pacto é uma ALIANÇA. São duas vontades que se comprometem formal e solenemente a ser marido e mulher. Esse pacto é firmado, basicamente, pela palavra ao fazer os votos matrimoniais.

2. Testemunho diante da sociedade

“Deixará o homem o seu pai e sua mãe...” Como o casamento é um estado civil, o pacto deve ser celebrado diante da sociedade. Parentes, amigos e conhecidos tem de ser informados que esse homem se casara com essa mulher em determinada data e que a partir dali os dois estarão unidos no honroso estado de casados. O propósito dos convites é justamente fazer público e notório o casamento. O pacto matrimonial não pode ser feito em segredo. Gênesis 29:22; Rute 4:9-11; Números 30.

3. A união sexual

“E serão uma só carne”. O que sela e dá legitimidade é a união sexual dos que fazem o pacto.

O pacto diante da sociedade tem de ser anterior a união física. Primeiro “deixará o homem o pai e a mãe”, e depois “se unirá a sua mulher.” As relações sexuais antes do casamento, são fornicação, e são um pecado diante de Deus.

IV. O CASAMENTO É UM VÍNCULO SAGRADO E INDISSOLÚVEL

1. O vínculo matrimonial

“E o Senhor fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu: tomou uma de suas costelas, e fechou o lugar com a carne. E a costela que o senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher, e lha trouxe. E disse o homem: Esta é afinal osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso deixará o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.”                   
                                                                            (Gênesis 2:21-24)

“De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Porquanto, o que Deus ajuntou não separe o homem”           
                                                                            (Mateus 19:6)

“A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor.”
                    
                                                                              (I Coríntios 7:39)

Estas passagens mostram com clareza:

·      Que o vínculo da unidade matrimonial é fortíssimo. Homem e mulher passam a ser uma só carne.
·      Que é um vínculo realizado por Deus mesmo. “O que Deus uniu.” Por isso é considerado sagrado.
·      Que é um vínculo indissolúvel enquanto os dois cônjuges estiverem vivos. Só a morte de um dos dois pode desfazê-lo.
·      Que nenhum homem ou lei humana está habilitado para desfazer o vínculo matrimonial: “Não separe o homem.”. Qualquer pessoa que o faça deve saber que está se rebelando diretamente contra a vontade de Deus.

2. Separação, divórcio e novo casamento

a) Separação

“Ora, aos casados, ordeno, não eu mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido (se porém ela vier separar-se, que não se case, ou se reconcilie com seu marido); e que o marido não se aparte de sua mulher.”
         
                                                                             (I Coríntios 7:10,11)

Deus diz claramente NÃO à separação. Se, for o caso, de o cônjuge incrédulo se separar (I Coríntios 7:12-15), a opção é ficar só ou se reconciliar, nunca contrair outro matrimônio.

b) Divórcio

“Todavia perguntais: Por que? Porque o Senhor tem sido testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, para com a qual procedeste deslealmente sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança.
E não fez ele somente um, ainda que lhe sobejava espírito? E por que somente um? Não é que buscava descendência piedosa? Portanto guardai-vos em vosso espírito, e que ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.
Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel, e aquele que cobre de violência o seu vestido; portanto cuidai de vós mesmos, diz o Senhor dos exércitos; e não sejais infiéis.”
                                                                                                  (Malaquias 2:14-16)

Deus nos exige lealdade a nosso pacto matrimonial, pois Ele não se agrada do divórcio.

c) Novo casamento

“Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela;
e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.”
                                                                            (Marcos 10:11-12)

Quando alguém se divorcia e se casa novamente, Deus não considera este novo estado como casamento, mas como adultério.

“Todo aquele que repudia sua mulher e casa com outra, comete adultério; e quem casa com a que foi repudiada pelo marido, também comete adultério.”                                                           (Lucas 16:18)


Se um homem solteiro casa com uma mulher divorciada, também adultera e vice-versa.

“Ou ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que ele vive?
Porque a mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas, se ele morrer, ela está livre da lei do marido.
De sorte que, enquanto viver o marido, será chamada adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido.”
                                                                         (Romanos 7:1-3)

d) A suposta exceção

“Aproximaram-se dele alguns fariseus que o experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher, e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne?
Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem. Responderam-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la? Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio. Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por (original é me épi [mh epi] que quer dizer pondo de lado ou sem levar em conta) causa de infidelidade (a palavra no original grego aqui é pornéia [porneia] que quer dizer fornicação, ou seja relação sexual ilícita antes do casamento) e casar com outra, comete adultério (a palavra no original é moichéia [moicatai] que quer dizer relação sexual ilícita com alguém casado(a) ); [e o que casar com a repudiada também comete adultério.]
Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar. Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado.
Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite.

                                                                                    (Mateus 19:3-12)

Veja que interpretando de maneira literal Jesus não admite exceção para recasamento. A única “exceção” é por causa de fornicação, ou seja relações sexuais ilícitas. A palavra pornéia é intencionalmente mal traduzida na maioria das Bíblias protestantes, pois traduzem como adúltério ou  infidelidade. Vamos ver porque isso.

     Até à reforma a Igreja sempre creu nas verdades bíblicas acerca do casamento. Porém depois da reforma houve uma tendência universal entre os protestantes de proclamar e viver um evangelho “anti-católico”, ou seja, tudo que os católicos criam, ainda que fosse verdade, era motivo de ser refutado pelos primeiros reformadores.
    Quando Lutero finalmente se desvinculou da Igreja Católica por causa de suas múltiplas heresias, ele se uniu a um humanista chamado Erasmo de Roterdam, que influenciou tremendamente a vida e obra de Lutero, principalmente no tocante ao divórcio e ao recasamento. O interessante é que Erasmo foi considerado como herege pelos seus contemporâneos, principalmente por causa de sua visão extremamente humanista da Bíblia. Porém seu ensino acerca do divórcio e recasamento prevalece nas denominações evangélicas, justamente porque é frontalmente diferente do ensino da Igreja Católica sobre o assunto.
     Esse é o motivo de, nas nossas Bíblias protestantes, a palavra estar traduzida de uma maneira totalmente errada, pois de outro modo traria um tremendo problema termos que concordar que o ensino católico, nesse ponto, está correto.
     Nessa pergunta dos fariseus para Jesus temos que ver todo o contexto da situação.
    Haviam duas escolas rabínicas de pensamento sobre assunto, e as duas discutiam exatamente o texto que os fariseus apresentaram a Jesus:

“Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, se ela não achar graça aos seus olhos, por haver ele encontrado nela coisa vergonhosa, far-lhe-á uma carta de divórcio e lha dará na mão, e a despedirá de sua casa.
Se ela, pois, saindo da casa dele, for e se casar com outro homem,
e este também a desprezar e, fazendo-lhe carta de divórcio, lha der na mão, e a despedir de sua casa; ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer;
então seu primeiro marido que a despedira, não poderá tornar a tomá-la por mulher, depois que foi contaminada; pois isso é abominação perante o Senhor. Não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança.”
                                                                        (Deuteronômio 24:1-4)

·      A escola de Hillel : Hillel interpretava coisa vergonhosa como qualquer coisa que o homem visse na mulher que não o agradasse, como por exemplo, se ela estivesse ficando feia, ou cozinhasse mal, etc. Para Hillel e seus seguidores, qualquer motivo trivialidade  era motivo para uma carta de divórcio.
·      A escola de Sammai: Sammai admitia o divórcio e o recasamento somente em caso de adúltério, da mesma forma que a maioria dos evangélicos crêem.

  Veja que o objetivo dos fariseus era que Jesus se posicionasse a favor de uma dessas escolas de pensamento para dividir o povo contra ele.
Mas qual foi a surpresa quando o nosso amado Salvador e Senhor mostrou uma terceira opção mais sublime do que a religiosidade dos fariseus, a ponto dos discípulos ficarem tão assustados que responderam : “Se tal é a posição do homem relativamente à mulher, não convém casar!” Eles compreenderam que o compromisso era para a vida toda e que só a morte poderia anular tal compromisso. Também compreenderam que Jesus não estava aprovando nenhuma das duas alternativas dos fariseus, porém estava mostrando outra alternativa que expressava mais perfeitamente a suprema vontade de Deus.
 Jesus mostrou que “coisa vergonhosa” se referia a, quando um homem, ao se casar com uma mulher, descobre que houve fornicação (pornéia) e que portanto ela não é virgem. Dessa forma, ele pode pedir a anulação do seu casamento desde que ele também seja virgem e que faça essa anulação imediatamente, caso essa situação não o agrade. Somente nesse caso é permitido o divórcio com a possibilidade de um novo casamento.
   O fato de as leis do país permitirem o divórcio e o novo casamento, não modifica em nada a situação dos cristãos, pois nós estamos debaixo do GOVERNO DE DEUS, e Suas leis permanecem para sempre.

3. Compromissos contraídos antes da conversão

Qual deve ser a atitude do cristão diante dos compromissos contraídos antes da conversão?
Alguns que se “convertem” pensam que, por Deus haver perdoado os seus pecados, podem então esquecer todas as dívidas que tinha no passado.  Assim o criminoso se “converte” e não responde diante da lei pelos seus atos perversos. Há pouco tempo nos telejornais foi noticiado que uma moça fora violentada e assassinada por um rapaz. Por sua vez o pai da moça, que era policial, começou uma caçada obstinada atrás do rapaz com o intuito de prendê-lo. Alguns meses depois, recebendo informações de anônimos e simpatizantes da causa, descobriu que ele estava freqüentando de maneira ativa uma denominação evangélica. Qual foi sua surpresa ao ver o rapaz cantando e “louvando” com toda alegria bem na porta do salão da congregação! Pego de surpresa, o “irmão” tentou fugir, porém não conseguiu sendo finalmente preso. Quantos “testemunhos” esse homem deve ter dado sobre sua vida pregressa! Quantos aleluias ele deve ter ouvido com a proclamação de sua belíssima “transformação”! Agora pense na angústia da família que não via o caso solucionado. Como seria de tremendo impacto para esses familiares se o rapaz tivesse feito o que Zaqueu fez quando se converteu:

“Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade.
Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico.
Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura.
E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali.
Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa.
Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria.
Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador.
Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado.
Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão.
Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.”
    
                                                          (Lucas 19:1-10)

Temos que saber claramente que a fé cristã nos leva a reconhecer o valor ético e moral de tudo o que é legítimo, de todo pacto, de todo voto. Se você tem dívidas que ainda não acertou, é seu dever procurar seu credor e ver como será possível resolver essa situação pendente, e não pensar que o perdão de Deus te libera desses compromissos.
Em que implica a conversão a Cristo? O que significa o arrependimento? João Batista reivindicava frutos dignos de arrependimento, evidências claras de mudança de coração e uma firme decisão de abandonar a vã maneira de viver. Provérbios 28:13 expressa este conceito em termos concisos:

“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.”

A conversão não é conversão se a pessoa não abandona definitivamente o seu caminho pecaminoso. Se uma pessoa está vivendo em adultério quando chega a Cristo, obviamente não pode pretender entrar no reino de Deus com seu pecado. De outro modo o que significaria a salvação?
Restituição.

V. CONCLUSÕES FINAIS

Alguns podem pensar: “Se isto for assim, não vamos complicar a vida de muita gente?” Ao contrário! Vamos simplificá-la, porque já estão metidos em complicações. O que queremos fazer é ensiná-los o que devem fazer para sair delas. Essa é a verdade de Deus, o Evangelho de Cristo Jesus. Cristo rompe as cadeias, Cristo perdoa, porém o que não se admite é que uma pessoa siga em uma conduta imoral.

 

DIVORCIO E RECASAMENTO


    O vínculo matrimonial é indissolúvel.
                                                          
Marcos 10.2-12 - "E aproximando-se alguns fariseus, o experimentaram, perguntando-lhe: É lícito ao marido repudiar sua mulher? Ele lhes respondeu: Que vos ordenou Moisés? Tornaram eles: Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar. Mas Jesus lhes disse: Por causa da dureza do vosso coração, ele vos deixou escrito esse mandamento; porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher, e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.  Em casa, voltaram os discípulos a interrogá-lo sobre este assunto.  E ele lhes disse: Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela. E, se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério".

   Jesus foi muito claro - incisivo. A carta de divórcio só foi dada em uma circunstância: POR CAUSA DA DUREZA DO CORAÇÃO.

   O fato dos discípulos terem levantado novamente a questão quando estavam em casa, demonstra que os próprios discípulos ficaram impactados com a radical resposta de Jesus.  Eles esperavam encontrar alguma alternativa que pudesse permitir o recasamento, mas Jesus não mudou sua fala: "Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela".

   Lucas, que procurou escrever de forma a sanar todas as dúvidas que pudessem ter surgido com os escritos de Marcos e Mateus (Lucas 1.1-4), também escreveu sobre o divórcio e recasamento, utilizando-se de apenas um versículo, posto que para eles, naquela época, não tinha ficado praticamente nenhuma dúvida a respeito do que Jesus falou.  Vejamos:

Lucas 16.18 = "Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério."

   Não há nenhuma brecha, nenhuma válvula de escape que possibilite o homem ou a mulher de abandonar seu cônjuge e se casar com outro ou outra.  Lucas procura acrescentar algo para deixar ainda mais claro o que Marcos escreveu. Marcos diz que aquele que repudia seu cônjuge e se une a outro comete adultério.  Lucas vai além, esclarecendo que também aquele que se une ao cônjuge separado (repudiado), ainda que ele seja solteiro, está cometendo adultério.
  

Mateus também tem a mesma linguagem de Marcos e Lucas.

Mateus 19.3-6 = "Vieram a ele alguns fariseus e o experimentavam, perguntando: É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo?  Então respondeu ele: Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto o que Deus ajuntou não o separe o homem."

   Vemos que o relato de Mateus é uníssono (exatamente igual) ao de Marcos. A resposta dada por Jesus é a mesma - lógico, pois tanto Marcos quanto Mateus ouviram a mesma palavra de Jesus.
  
Mateus continua seu relato:

Mateus 19.7-12 = "Replicaram-lhe: Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar?  Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio.  Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério (e o que casar com a repudiada comete adultério). Disseram-lhe os discípulos: Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar.  Jesus, porém, lhes respondeu: Nem todos são aptos para receber este conceito, mas apenas aqueles a quem é dado. Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para o admitir admita".

   Nada mudou nessas palavras escritas por Mateus. Mas muita gente se apega ao versículo 9 para tentar resolver seus problemas de adultério, afirmando que Mateus escreveu que quando a mulher adulterar o marido pode repudiá-la.  Jesus, porém, não disse nada disso.

   A frase "não sendo por causa de relações sexuais ilícitas" (em outra versão "não sendo por causa de prostituição"), é um parêntese para declarar que quando um homem se une a uma mulher para ter relação sexual com ela, SEM QUE ESTA SEJA SUA LEGITIMA MULHER, deve se separar dela, pois está em prostituição ou tendo relações sexuais ilícitas (está em pecado, por isso deve deixa-la).
  
   Alguns interpretam que Jesus estaria dizendo que se a mulher estiver adulterando então pode haver o divórcio e o recasamento. É uma grande mentira. Primeiro, porque o termo usado não é "...por causa de ADULTÉRIO...", mas sim "...por causa de relações sexuais ilícitas...". Segundo, por causa da resposta dos discípulos: versículo 10 = "...Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar".

   Por que os discípulos responderam dessa forma?  Porque entenderam claramente que não há hipótese alguma que possa levar o homem a desunir o casamento.

   Quando uma mulher está praticando o adultério será que a culpa é unicamente dela? Seu marido não teria uma grande contribuição para isso? 
  
Muitos "crentes", freqüentadores de reuniões, tratam suas esposas exatamente ao contrário do que está escrito em Efésios 5.25-29; não lhes dá carinho, atenção, cuidado, cobertura, amor, dedicação, tempo; não ora com ela, não lhe dá a palavra de Deus, mas vive uma vida egoísta, em torno de si mesmo. No sexo, não leva sua esposa a se sentir amada, prazerosa (a chegar ao clímax da relação sexual); antes, só pensa nele mesmo, busca seu próprio prazer, tornando a relação sexual um peso para a mulher. 

   Um homem desse tipo está praticamente abrindo o caminho do adultério para sua mulher.  Não que ela queira seguir esse caminho, mas quando ela encontra um homem atencioso, que lhe dá tudo o que o seu marido lhe priva, essa mulher acaba preferindo o pecado.  A pergunta é: ela é adúltera sozinha?  Seu marido, porventura não contribuiu para esse pecado?

   O apóstolo Paulo também escreveu a respeito do casamento:

Romanos 7.1-3 = "Porventura, ignorais, irmãos que a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida? Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera se contrair novas núpcias"

I Co 7.39 = A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor."


   Paulo também segue as mesmas palavras de Cristo: enquanto viverem, marido e mulher formam uma só carne; um está ligado ao outro pela lei conjugal.  Acrescenta: de sorte que será considerada ADÚLTERA se unir-se a outro, estando vivo seu marido.

   Existem algumas situações que o homem cria para justificar o pecado.  Uma delas é:

   - Declarar que já estava vivendo com a nova mulher antes de se converter e com a conversão Deus perdoou o seu passado. Portanto, entendem que podem continuar vivendo juntos, posto que Deus perdoou.

   É claro que quando uma pessoa se arrepende e se torna uma nova criatura, Deus perdoa todos os seus pecados.  Mas isso não quer dizer que Deus LEGALIZOU o pecado, isto é, não quer dizer que Deus permite que continuemos a praticar determinado ato que antes era pecado mas que agora não é mais.  O pecado sempre foi pecado e sempre continuará sendo.  Deus perdoa o adúltero, mas não quer que ele continue sendo adúltero.

   Vejamos a seguinte situação: antes de se converter, determinada pessoa vivia mentindo. Com a conversão Deus perdoou suas mentiras. Por isso ele pode continuar mentindo?   Absolutamente não!

   Em Hebreus 12.14 diz: "segui a paz com todos e a SANTIFICAÇÃO, sem a qual ninguém verá o Senhor".  

Imaginemos que determinada pessoa tivesse furtado uma bicicleta e a estivesse usando por 3 anos.  Ele vem a se converter ao Senhor. Com a conversão Deus perdoou o seu pecado de furto.  Porém, ele pode continuar usando a bicicleta furtada, porque Deus já o perdoou, ou deve procurar o verdadeiro dono e devolvê-la? O que aconteceu com Zaqueu? (Lc 19.8 = "...se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo 4 vezes mais.") ver Mt 5.23-26.

   É lógico que ele deve devolver a bicicleta, pois aquilo é fruto de um pecado cometido.

Restituição

   E no caso do adultério?  Porque já convive com a mulher , o fato de se converter deixa de ser adultério? Deve continuar com a mulher?  Absolutamente não. Romanos 6.1-2 = "...Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? DE MODO NENHUM! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?"  ver Efésios 4.17-31 e 5.3-16.

Algumas considerações:

01.Para formar uma doutrina temos que ver tudo o que a Bíblia diz sobre o assunto, mas sempre devemos começar no Novo testamento, pois a Igreja está fundamentada na Doutrina dos Apóstolos. Portanto, primeiro veremos o que Jesus diz sobre o assunto e depois o que os apóstolos disseram.
02.Para compreendermos bem o assunto temos que primeiro ver os textos claros (aqueles que não dão margem para interpretações) e depois ver os obscuros para que a luz dos claros possamos interpretá-los.
03.Nunca devemos partir de um caso para a Escritura, mas sim depois de termos uma posição clara, analisarmos cada caso, a luz da Escritura.

Nós temos seguido uma ordem de textos que nos tem ajudado, pois começamos com Jesus e com os textos claros, depois vamos para os apóstolos e os textos claros para depois olharmos os obscuros. Vamos a eles:

Marcos 10.2-12  : Aqui está bem clara a posição do Senhor. Os fariseus vem tentá-lo e Ele lhes mostra claramente que quem se separa e casa de novo comete adultério. Não há necessidade de interpretação, o texto está claro. Alguns neste texto querem encontrar apoio para a parte inocente, pois só fala do que repudia e casa de novo, mas não fala sobre o que foi repudiado. Vamos para o próximo texto que está dúvida será tirada.

Lucas 16.18  : Aqui o Senhor deixa bem claro que tanto o que repudia como o que é repudiado, se casarem de novo, cometem adultério. O texto não dá margem para interpretações dúbias, ele é bem claro. Vamos para os apóstolos.

Romanos 7.2-3  : Aqui o apóstolo Paulo está dando um exemplo, está mostrando com uma realidade visível, uma realidade espiritual. Alguns dizem que não podemos tomar este texto, pois o tema não é casamento, mas eu digo que podemos, pois o apóstolo jamais iria exemplificar uma realidade espiritual com uma mentira, ou uma suposição. Portanto, aqui o apóstolo está colocando claramente o seu entendimento sobre o que era um casamento e que ele era indissolúvel, além do mais este mesmo texto é citado, pelo apóstolo, em 1 Coríntios 7.39 e neste capítulo está falando sobre casamento.

1 Coríntios 7.10-11  : Aqui o apóstolo está dizendo que o Senhor ordena e não ele...isto é muito forte. E o que é que o Senhor ordena: que não se separem, mas se vierem a separar-se que não se casem. Está muito claro, pois o apóstolo está passando o que recebeu do Senhor. Só existem duas opções: ficar casado até que a morte os separe, ou separar-se e ficar só. Não há uma terceira opção.

1 Coríntios 7.12-15  : Aqui o apóstolo deixa bem claro que não é o Senhor que está ordenando, mas sim ele. Será que o apóstolo teria coragem de acrescentar algo ao que o Senhor teria dito, ou mudar o que o Senhor falou? Não, de jeito nenhum. O que o apóstolo fez foi aclarar situações complicadas, de irmãos casados com incrédulos, de pessoas que não queriam conviver juntas, pois o mandamento do Senhor era tão forte quanto a não se separarem que alguns ficavam sofrendo com homens ou mulheres que não queriam mais conviver com eles. Então o apóstolo para estes diz: “...que se o incrédulo quiser apartar-se que se aparte, que o irmão não está obrigado a esta servidão”, mas em momento algum diz para casarem de novo. Se o apóstolo está dizendo que ele permite o novo casamento enquanto o outro estiver vivo, ele está claramente indo contra o que o Senhor disse. Não posso crer que o Senhor diz algo e que o apóstolo vai lá e diz outra coisa.

Vejamos os textos obscuros:

Mateus 19.3-12: Aqui Jesus está sendo provado pelos fariseus (estamos deixando de lado, propositadamente os textos de Mateus 5, pois falam a mesma coisa que em Mateus 19). O verso 9 é o mais polêmico. Não podemos querer interpretá-lo isoladamente. Isso seria desonestidade para com a palavra de Deus.

Mateus 19.3: Os fariseus vieram para experimentar a Jesus (todas as vezes que Jesus foi confrontado pelos fariseus, Ele os ridicularizava, e nós, a igreja, sempre ficamos com Jesus, mas me parece que nesta situação não. Aqui muitos ficam do lado dos fariseus). Se analisarmos com cuidado veremos que é mais uma tramóia dos fariseus, como em outras situações, mas a resposta de Jesus está nos vs 4,5 e 6 e não no vs 9.

A pergunta dos fariseus era baseada em uma briga entre duas escolas rabínicas, a de Hillel e a de Shamai.

Mas a preocupação de Jesus era defender a indissolubilidade do casamento, Jesus estava ao lado do Pai, não estava com Hillel  ou Shamai.

A resposta de Jesus é clara e contundente: “O que Deus ajuntou, não separe o homem”. Para a pergunta que lhe foi feita, esta foi a resposta, ou seja não tem opção, não pode separar por qualquer motivo ou por motivo algum.

A resposta foi tão contundente e forte que eles (os fariseus) lançaram mão de Moisés, isto fica claro no vs 7: “Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?” Se eles tiveram que trazer Moisés na conversa é porque a resposta de Jesus não batia com o que Moisés havia dito.

E no vs 8 Jesus dá uma resposta esclarecedora: “Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres.” E acrescenta algo de muita importância: “Mas não foi assim desde o princípio.” Jesus mais uma vez declara que está com o Pai no princípio e que está resgatando toda a verdade. Houve desvio, mas Ele está ali para trazer de volta a verdade do Pai no princípio.

Então Ele faz a declaração do vs 9, que tem que ser interpretada a luz de tudo o mais que já lemos e de todo o contexto que estamos analisando do capítulo 19. Aqui Jesus usa a mesma expressão do sermão do monte: “Eu porém vos digo...” Todas as vezes que Ele usou esta expressão, Ele foi muito além da exigência da Lei. Era sempre mais duro e radical. Se ficarmos com o contexto todo, veremos que Ele está sendo mais radical do que Moisés.

Portanto, não posso interpretar este texto de outra forma, pois Jesus fechou a porta quando lhe perguntaram: “É lícito repudiar por qualquer motivo...”, depois fechou a porta quando lhe invocaram Moisés, agora Ele recuaria e diria que é lícito repudiar e casar de novo. Não posso crer por causa de todo o contexto e por causa de que está escrito. Vejamos o vs 9.

Aqui temos algo estranho e simples ao mesmo tempo. Estranho porque na maioria das traduções se usa a palavra adultério em duas ocasiões, mas no original grego há duas expressões bem distintas: ali se usa PORNÉIA  e depois MOICHEIA.

PORNÉIA = É um termo amplo. Qualquer relação ilícita.
MOICHEIA = É específica para adultério.

A interpretação deste texto deve ser de acordo com o contexto. Se a relação entre um homem e uma mulher for ilícita, ou seja, está em pornéia, a separação é necessária e o casamento dos dois é ilícito. É o caso daqueles que estão vivendo maritalmente, mas podem estar nas seguintes condições:

Primeiro – Os dois são solteiros, estão em fornicação. Devem ser separados e estão livres para casarem-se um com o outro ou com qualquer outro solteiro.

Segundo – Um é solteiro e o outro já foi casado, devem se separar e o solteiro está livre para casar com outro solteiro e o casado deverá ficar só ou se reconciliar com o antigo cônjuge.

Terceiro – Os dois já foram casados com outros, neste caso os dois estão em adultério. Devem se separar, ficarem só ou se reconciliarem com ao antigos cônjuges.

Jesus fechou completamente a porta sobre a questão. Mas somente os discípulos estão aptos para entender e aceitar isto.

A própria reação dos discípulos deixa claro que Jesus foi radical na questão, eles disseram: “Se essa é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.” Chegaram ao ponto de achar que era melhor não casar, pois a condição era uma só: uma vez casado, casado até a morte. Não havia a opção de um novo casamento enquanto o outro estivesse vivo.

Mas a resposta de Jesus a esta questão dos discípulos é contundente, pois Ele diz: “Nem todos podem receber esta palavra (mas qual palavra? A palavra de ficarem só, por causa do reino de Deus), porque alguns nasceram eunucos, outros foram feitos eunucos pelos homens e outros se fazem eunucos por causa do Reino de Deus.”

Conclusão:

O casamento é uma ordem criacional de Deus, foi criado antes da queda do homem, não tem nada haver com doutrina ou cerimônia.

Muitos podem dizer que não se casaram “no Senhor” antes da conversão. Agora que estão “no Senhor” devem casar de novo. Este é o pior dos sofismas porque se baseia no egoísmo, na independência e nos desejos da carne. Imagine meus pais que em 2011 fizeram Bodas de Ouro e agora descobrem que nunca foram casados porque não casaram “no Senhor”.

Se alguém faz o que Deus determinou na criação, Ele chama isso de “uma só carne”. Este decreto na criação é inviolável. Se não fosse assim, todos os casamentos realizados “no mundo” não seriam casamentos e todos os filhos seriam bastardos.

Qualquer sofisma nesse sentido é infantil e ridículo.

Como o mundo está todo estragado e a Igreja confusa, é necessário haver ensino e restauração da verdade, antes de se tratar os casos complicados. Mesmo assim, é necessário que se trate cada caso com muito zelo pela Palavra de Deus e amor pelas vidas dos homens.

APLICAÇÃO DAS POSTURAS CLÁSSICAS SOBRE O DIVÓRCIO


I.           O ENFOQUE PATRISTICO:

Numa série de três artigos que apareciam em uma publicação britânica, Third Way, Gordon Wenham examina “O enfoque bíblico do casamento e do divórcio”. No primeiro artigo considera o fundo cultural para o divórcio e novo casamento no mundo antigo, mostrando que, ainda que a sociedade admitia o divórcio, era muito caro e sem freqüência. Em seu segundo artigo, examina o ensino do Velho Testamento sobre o tema, tratando a questão do dote e outros costumes sociais. Aqui destaca um ponto muito importante que, em geral, não é tratado na maioria dos livros sobre divórcio.

É uma idéia que gira em torno de Dt 24.1-4 e que é tratada mais amplamente por outros estudiosos. A escola Rabínica de Hillel fixava a sua atenção na palavra “alguma coisa indecente”. Perguntavam: O que é alguma coisa indecente? A resposta era: Queimou a comida, ficou gorda, conversa com outros homens, ou quase qualquer outra coisa. Se o marido ficava desagradado, tinha uma causa justificável para divorciar-se. Era equivalente ao antigo divórcio “não culposo”.

Como expressão contrária, surgiu a escola de Sammai. Ensinavam que “alguma coisa indecente” significava adultério e nada mais. Foi armada uma grande controvérsia e este foi o motivo da pergunta feita para Jesus em Mateus 19 e Marcos 10. Quando perguntaram: “É licito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo?” Mt 19.3, os fariseus estavam pedindo que Jesus confirmasse ou negasse a posição popular de Hillel. Mas em lugar de responder assim, Jesus apelou para o princípio de Deus do matrimônio monogâmico. Quando os fariseus o recordaram do que Moisés havia dito, Jesus aclarou que essa concessão foi feita por causa da dureza do coração humano, mas que não representava o desejo Divino.

Segundo Wenham e outros, a questão maior é: se a ênfase da passagem está em “alguma coisa indecente”, ou se está em Mt 19.4 e no ato da esposa repudiada ter sido “contaminada”, e não pode voltar ao seu primeiro marido, ainda que morra o seu segundo marido.

A ênfase da passagem está na proibição que pesa sobre o marido: não pode tomar de novo a mulher quando houve um segundo casamento, sem tomar em conta a causa do primeiro divórcio. Por que seria assim? ainda que o segundo marido tenha morrido? Porque a esposa é realmente “contaminada” pelo segundo matrimonio; é uma “abominação diante de Jeová” e existe o perigo de “perverter a terra” Dt 24.4. Com o desejo de lançar luz sobre o significado da palavra “contaminada”, Wenham comenta sobre Lv 18 :
·         O relacionamento de uma esposa com a família de seu marido não termina com a morte de seu cônjuge, nem pelo divórcio. No que concerne a família, a mulher divorciada segue fazendo parte deles, e portanto, não pode casar-se com ninguém que tenha um parentesco de perto com o seu marido. Os relacionamentos horizontais são tão duráveis quanto os verticais. A implicação parece ser que ao buscar o divórcio, pretendemos quebrar um relacionamento da esposa, que realmente, não pode ser quebrado.

Assim que, uma mulher que volta para o seu cônjuge original incorreria em uma espécie de incesto, o qual está proibido. Isto faria com que Dt 24.1-4 pudesse ser contemplado, não como uma permissão ao divórcio -- como presumiam Hillel e Sammai – mas sim como um mero reconhecimento que haviam divórcios. Nestes casos, se existia um matrimônio posterior ao divórcio, de nenhuma maneira poderia voltar ao primeiro cônjuge.

Isto, em parte, leva a Wenham a seguinte conclusão: “É... intrinsecamente provável que a interpretação Patrística... seja a correta”.

O enfoque Patrístico interpreta Mt 19.9 como uma proibição ao recasamento, sem se importar com a causa do divórcio. Esta interpretação é vista no escrito dos líderes da Igreja durante os primeiros cinco séculos, e era a posição oficial da igreja até o século XVI .

Geralmente, os Pais entendiam que “exceto por causa de fornicação” significava que o divórcio era admitido no caso do adultério, mas que era expressamente proibido um novo casamento. Não criam que Paulo, em 1 Cor 7, “admitia que a esposa crente e abandonada poderia casar-se de novo”.

Existe um considerável apoio gramático para esta interpretação, porque o lugar que esta a cláusula de exceção só serve para modificar a frase do contexto imediato, e não modifica a frase seguinte que tem que ver com o novo casamento. Os pais da Igreja criam que se houvesse um pecado sexual, o divórcio era permitido, mas não o novo casamento. Também criam que se já tivesse ocorrido divórcio e um novo casamento, então haviam cometido adultério. Se a cláusula de exceção houvesse aparecido no princípio do versículo, requereria o divórcio em caso de adultério. Se aparecesse depois de ambos os verbos, “repudiar” e “se casar”, permitiria tanto o novo casamento quanto o divórcio. Mas no lugar que se acha no versículo, admite o divórcio se ocorreu “pornéia”, mas não admite um novo casamento. É conseqüente, pois, com a interpretação de Dt 24.1-4 referida acima . Casar de novo depois do divórcio é cometer adultério e contaminar-se. Este ponto de vista também é conseqüente com o ato de que em Lucas 16 e Marcos 10, está registrado que Jesus proíbe o novo casamento, sem mencionar nenhuma exceção .

Uma atualização do enfoque Patrístico relaciona a cláusula de exceção de Mateus com o ato de que, para o povo judeu, o adultério era, em primeiro lugar e sobre tudo, um pecado contra Deus. Por isso, era requerido um castigo pelas mãos da comunidade. O marido sozinho não poderia perdoar a sua mulher. Contrasta com isso o ato de que a lei romana contemplava o adultério como um assunto da lei familiar privada. É por isso, que só Mateus, cujo os leitores eram judeus, inclui a cláusula de exceção.

Como entenderam isto os leitores originais de Mateus? Sugerimos que entendiam que Jesus estava dizendo que não teria por culpado os discípulos que violassem a sua proibição absoluta do divórcio, se achassem em uma situação em que o seu cônjuge havia cometido adultério, que os obrigasse a instituir o divórcio. O divórcio seria necessário somente por causa dos costumes da comunidade judaica, que requereria a ação pelo efeito comunitário do pecado de adultério. Em tal caso, o Senhor dizia que entenderia porque o divórcio era necessário. Isto de nenhuma maneira constitui uma base universal para o divórcio, porque não poderíamos repetir tais circunstâncias hoje em dia. Tão pouco permite o novo casamento.


II.        ENFOQUE ERASMIANO:

Este enfoque, é o mais popular entre os evangélicos, superficialmente para ser o mais fácil de entender e, devido a sua ampla aceitação, o mais correto. Entretanto, quando o examinamos a fundo, não parece tão concludente. E, sendo o único enfoque entre os cinco que admite o novo casamento depois do divórcio, é sumamente importante que seja examinado com cuidado.

A lógica dos reformadores que surgia pelo profundo interesse humano de Erasmo era esta: Se um dos cônjuges cometesse adultério seria, segundo o Antigo Testamento, apedrejado até morrer. Portanto, se presumia que o cônjuge culpado de adultério era “como morto aos olhos de Deus”, deixando o outro inocente em liberdade para casar-se de novo. Segundo os reformadores, esta idéia estava por trás da cláusula de exceção de Jesus e, portanto, o cônjuge inocente estava livre para divorciar-se e casar de novo em caso de imoralidade.

Esta idéia tem se promulgado desde Lutero até os dias de hoje. R.J. Enrlich chama isto de “uma ficção legal”, já que assume tratar ao adúltero “como se estive morto”. Devido ao absurdo que é esta “ficção legal”, obviamente muitos escritores evangélicos hoje não seguem esta idéia, mas a escutamos de vez enquando. A verdade é que a pessoa está realmente viva, e uma “morte suposta” não pode acabar com o matrimônio. Entretanto, esta classe de pensamento foi que popularizou a doutrina de Erasmo.

Erasmo, contemporâneo de Martinho Lutero, foi considerado um amigo da Reforma, porque falou contra os abusos de poder que haviam na Igreja Católica. Não obstante, Lutero rompeu com ele, por causa de suas idéias heréticas e seu enfoque muito débil com respeito a justificação pela fé. Mas, por alguma razão, Lutero aprovou as suas idéias sobre o divórcio e o novo casamento, mesmo que elas estavam em desacordo com o ensino e a prática da Igreja Primitiva.

Erasmo admitiu o divórcio e o novo casamento do cônjuge inocente nos casos de adultério ou deserção. Já que ele fundou a sua doutrina sobre uma base subjetiva e não sobre uma base gramatical, ou exegética, os reformadores partiram de um pressuposto erasmiano, e logo queriam comprová-lo exegéticamente. Começaram com uma demonstração que no Velho Testamento se admitia, as vezes, o divórcio, deixando de mencionar que o mesmo ocorria com a poligamia e com a escravidão. Como os fariseus do tempo de Jesus, os reformadores se referiram “a carta de divórcio” mencionada em Dt 24, sem esclarecer que Jesus disse que ela foi concedida por causa da dureza dos seus corações. Baseando-se em um antigo documento sobre o divórcio (que se encontra na Enciclopédia Judaica), quiseram comprovar que quando se admitia o divórcio, sempre se admitia o novo casamento como uma possibilidade.

Além do mais, presumiam que pornéia (fornicação) eqüivalia a moichéia (adultério), um tema que trataremos logo. Então, ignorando a força da ordem das palavras declaradas por Jesus em Mt 19.9, concluíram que o “cônjuge inocente”(o que não havia cometido adultério) ficava em liberdade para casar-se de novo. Baseando-se nos pressupostos mencionados acima, declararam que ainda que Marcos e Lucas omitiram a “cláusula de exceção”, devemos entende-la como automaticamente implicada nos textos de Marcos e Lucas, por sua inclusão específica em Mateus. Isto, apesar de que muitos eruditos crêem que Marcos foi escrito primeiro, isto significa que os primeiros leitores não tiveram acesso a Mateus nem a “cláusula de exceção”.

Chegaram as mesmas conclusões com respeito as palavras de Paulo em 1 Cor 7.10-11

Aqui Paulo não expressa nenhuma exceção, mas o enfoque erasmiano também vê a cláusula implicada no texto. Um autor aprova esta opinião alegando: “Para que uma coisa seja verdadeira, Deus não tem que dizer mais de uma vez”. Isto é verdade, mas não tem relevância neste caso. Ninguém nega que Jesus disse: “salvo por causa de fornicação”. Não se trata de uma questão de veracidade, mas sim com uma harmonização com as outras passagens. Presumir que a declaração de Jesus em uma oportunidade nos autoriza a incluir a exceção nas outras declarações dele e de Paulo é uma conclusão impossível de provar. Devemos Ter sempre presente a regra de Agostinho com respeito a interpretação dos evangelhos sinópticos: Comece com o que está claro em Marcos e Lucas, para compreender o que parece ambíguo em Mateus, já que Mateus é um evangelho inerentemente Judeu.

Finalmente, o enfoque erasmiano, tendo aberto uma porta para a exceção no ensino de Jesus, abriu mais ainda para achar outra exceção em 1 Cor 7. Paulo, segundo os erasmianos, permite o divórcio e o novo casamento no caso de que um incrédulo abandone seu cônjuge crente. Isto, apesar do que o tema na passagem seja a separação e a deserção, só toca no divórcio por implicação. Nada em absoluto diz sobre o novo casamento. Esta situação obriga aos que adotam a posição erasmiana a interpretar a frase, “não está o irmão ou a irmão sujeito a servidão em semelhante caso”, como se isto permitisse uma base ampla para o novo casamento. Mas o texto não diz isto. Realmente, parece que se contradiz na próxima frase que segue, “foi a paz que Deus nos chamou”. A palavra grega traduzida em At 7.26 como “colocar-nos em paz” comunica a idéia mais forte de unidade, cura e reconciliação. Se Deus chama o cônjuge crente para a reconciliação, então Paulo tem que ser coerente com o que disse para os casados em 1 Cor 7.11, vale dizer que, se ocorre uma separação as únicas duas opções que restam para os interessados são: reconciliar-se com o seu cônjuge ou ficar sem casar de novo. Isto também está de acordo com o que Paulo escreve em 1 Cor 7.39 . Também está em harmonia com a ilustração apresentada em Rm 7.2-3 .

Cremos que o enfoque erasmiano é débil em seu fundamento e vacilante em sua estrutura. Os que propõe este enfoque se empenham para convencer ao público evangélico que são poucos os que divergem deste ponto de vista e que são pessoas sem expressão. Mas isto simplesmente não é verdade.

Charles Hodge, em seu comentário sobre 1 Corintios, disse com respeito ao capítulo 7:
        “A doutrina uniforme do Novo Testamento é que o matrimônio é um contrato para toda a vida, entre um homem e a sua mulher, indissolúvel pela vontade dos interessados, ou por qualquer autoridade humana; mas a morte de um dos cônjuges deixa o sobrevivente em liberdade para contrair um novo casamento”.

A T Robertson e A Plummer dizem: “O única coisa que significa com clareza a frase “não está...sujeito a servidão”(1 Cor 7.15) é que o irmão ou a irmã não deve sertir-se tão ligado pela proibição de Jesus com respeito ao divórcio, que tenha temor de separar-se quando o cônjuge insiste na separacão”.

S Lewis Johnson escrevem Wycliffe Bible Comentary: “Não é dito nada sobre um segundo casamento para o crente; é inútil colocar palavras na boca de Paulo quando ele não falou. Ë verdade que o verbo “separar-se” usado na voz reflexiva (como aparece aqui) foi quase um termo técnico para referir-se ao divórcio nos papiros (M.M. pp. 695, 696). Entretanto, aqui isto não é prova de nada.

Geoffrey Bromiley, em sua encantadora teologia do matrimônio intitulado GOD AND MARRIAGE (DEUS E O MATRIMONIO), declara: “É necessário deixar aberta a porta da reconciliação, implicitamente, se não explicitamente, o novo casamento de qualquer cônjuge no caso de uma separação será considerado adultério”. Logo disse: “Os crentes.... não tem que aceitar a nova situação contraria as escrituras, que pretendem impor sobre eles para que abandonem sua fidelidade ao pacto matrimonial. Uma disposição aberta para a reconciliação pode ser unilateral, .. como a disposição de Deus com Israel, porque se a porta é mantida aberta, pode vir uma resposta positiva da outra parte.... Se uma pronta disposição para a reconciliação é difícil, isto é o que significa ser um discípulo”.

O NOVO CASAMENTO


INTRODUÇÃO: Deus está permitindo ao homem ou a mulher divorciar-se e contrair um novo casamento? Deus aprova que alguém se case com uma pessoa divorciada?

Para tratar deste delicado e controvertido tema, creio ser necessário seguir uma certa ordem metodológica:

Primeiro, analisar as passagens mais claras e que tratam diretamente o assunto e logo a seguir estudar aquelas mais difíceis e tentar compreender a luz dessas. A revelação no Antigo Testamento aparece gradual e progressivamente até chegar a Cristo, em quem está a revelação plena de Deus para todos os homens de todos os tempos. Por isso, é melhor abordar o assunto pelas passagens do Novo Testamento. Creio que o mais correto é começar pelas palavras de Jesus registradas nos evangelhos, para logo considerar as passagens do Antigo Testamento à luz dessas.

Segundo, enfocar primeiro a regra geral sobre o tema e logo abordar as exceções. Se tratarmos os casos de exceção sem primeiro ter estabelecido a regra, terminaríamos fazendo da exceção uma regra, desviando assim o ensinamento do Senhor.

Terceiro, resolver primeiro o aspecto bíblico do tema e depois a pastoral. O que quero dizer, é que o tratamento pastoral dos casos particulares constitui a segunda instância. Se considerarmos os casos sem ter definido o enfoque bíblico, corremos o risco de emitir nossos próprios juízos embasados em raciocínios ou sentimentos humanos e não na palavra de Deus.

O QUE JESUS DISSE SOBRE ESTE TEMA

Para seguir a ordem proposta, consideremos as primeiras declarações de Jesus sobre o divórcio e o novo casamento, as que sem dúvidas são claras, completas e terminais. Trataremos primeiro a regra geral e logo a única exceção assinalada por Jesus e por Moisés.

Nos evangelhos são citadas quatro vezes as palavras de Jesus sobre este particular:

Marcos 10.11 a 12: "Ele lhes disse: quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela. E, se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério".

Lucas 16.18: "Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério".

Mateus 5.32: "Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério".

Mateus 19.9: "Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério".

Como podemos observar, Jesus estabelece sobre esta delicada questão uma regra geral e uma cláusula de exceção. A exceção à regra é: "a não ser por causa de fornicação"; ou "salvo por causa de fornicação".

Cabe destacar que nem Marcos nem Lucas incluem a cláusula de exceção; somente Mateus traz a cláusula nos dois textos citados (o fato de que Matheus seja o único a incluir a cláusula de exceção, a meu juízo tem uma razão de ser que mais adiante mencionarei).

A REGRA GERAL

Como já assinalei anteriormente, o primeiro que temos que ter bem claro é a regra geral estabelecida pelo Senhor. Logo abordaremos a cláusula de exceção. É óbvio que a regra geral envolve os casos daquelas pessoas que se divorciam e que se casam de novo sem que exista a causal de "fornicação", aqueles que fazem porque simplesmente já não se querem mais, ou não se relacionam bem, ou por outras razões não compreendidas na cláusula de exceção.

Analisemos algumas possibilidades:

Caso 1: Deus permite que um homem se divorcie de sua esposa e case-se com outra mulher? Ou a uma mulher divorciar-se de seu marido e casar-se com outro homem?
Resposta: (não estou colocando nenhuma explicação ou interpretação humana, somente me limito a transcrever a clara e determinante resposta de Jesus); "Qualquer que repudiar a sua mulher e se casar com outra, comete adultério contra ela; e se a mulher repudiar a seu marido e se casar com outro, comete adultério". Mc 10.11-12.

Caso 2: Está permitido a uma mulher que foi repudiada casar-se com outro? (cabe a mesma pergunta no caso de um homem repudiado por sua mulher).
Resposta: "O que repudia sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz com que ela adultere; e o que se casa com a repudiada adúltera", (Mt 5.32). Ou como diz a Bíblia de Jerusalém, "a expõe a cometer adultério".

Caso 3: O Senhor permite que alguém se case com uma pessoa divorciada?
Resposta: "E o que se casa com a repudiada adultera", (Mt 5.32; 19.9; Lc 16.18).

Caso 4: Já vimos que se um homem se divorciou de sua mulher e se casa com outra, adultera. Mas, seu adultério lidera a sua primeira mulher para casar-se com outro?
Resposta: "Todo o que repudia a sua mulher, e se casa com outra, adúltera; e o que se casa com a repudiada do marido adultera". (Lc 16.18).

Qual é a condição espiritual destas pessoas diante de Deus?
Segundo as declarações de Jesus, os que se divorciam e se casam de novo, ou os que se casam com pessoas divorciadas, estão em adultério. Todos os textos reiteram isto de um modo claro e determinante.

O que é grave nesta condição é que enquanto as pessoas continuam com essa relação ilícita seguem estando em adultério. Jesus, quando se encontrou com a mulher samaritana que estava nessa situação, lhe disse: "Cinco maridos já tivestes, e o que agora tens não é teu marido" (Jo 4.17-18).


JESUS INTERPELADO PELOS FARISEUS

Matheus 19.3 a 12

A pergunta dos fariseus
Os fariseus foram a Jesus com a seguinte pergunta: "É lícito ao homem repudiar a sua mulher por qualquer motivo"? Mateus e Marcos aclaram que a intenção dos fariseus era tentar a Jesus. Queriam surpreender Jesus em alguma contradição com Moisés, a fim de desacredita-lo como enviado de Deus. Mas Jesus nunca contradisse a Moisés. Ele declarou: "não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir". Moisés não falou por sua própria conta, mas sim da parte de Deus, o mesmo que Jesus. Com respeito à lei moral Jesus e Moisés coincidiram em tudo. Jesus não exigiu uma justiça maior que a de Moisés, mas sim maior que a dos escribas e fariseus, que eram os que faziam uma aplicação tendenciosa e errônea da Lei.

A resposta de Jesus
Diante desta pergunta dos fariseus, a resposta de Jesus foi um rotundo "não". E fundamentou o seu "não" citando justamente Moisés no texto de Gn 2.24. Esta é a lei criacional estabelecida por Deus ao instituir o matrimônio: "Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne". E Jesus reforçou acrescentando: "de modo que já não são mais dois, porém uma sua carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (é interessante que Marcos em seu evangelho, ao relatar o mesmo episódio, disse que os fariseus lhe perguntaram "se era lícito ao marido repudiar a sua mulher", sem acrescentar "por qualquer motivo"; e a resposta de Jesus em ambos os casos foi a mesma).

O contra-ataque dos fariseus
Diante da resposta negativa de Jesus, os fariseus pensaram te-lo descoberto, finalmente Jesus estava contradizendo a Moisés; perguntaram: "por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar?” Como se estivessem dizendo: como é que tu podes dizer “que não” quando Moisés disse “que sim”? Jesus não ignorava a única exceção que a lei havia dado quanto ao divórcio, segundo Dt 24.1-4. Mas os fariseus, desculpando-se nesta exceção, (texto que logo analisaremos), haviam convertido a prática do divórcio em uma alternativa válida e permitida por Deus, e a exceção havia se constituído quase em uma regra geral, tal como sucede também em nossos dias. Jesus deixou claro aos fariseus a razão da exceção: "por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio".

O único caso de divórcio permitido no Antigo Testamento

Em que caso Moisés permitiu o divórcio? A resposta está em Dt 24.1-4: o primeiro versículo diz: "Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lavrar um termo de divórcio..." este texto assinala duas coisas. A primeira é o tempo. O momento em que se pode produzir o divórcio e é apenas se já foi consumado o matrimônio: "se um homem tomar uma mulher e se casar com ela...". A segunda tem a ver com as condições em que se permite o divórcio: "e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela...". Como esta expressão não ficava muito explícita, deu lugar a diferentes interpretações entre os judeus. Nos dias de Jesus, os mais liberais, da escola do rabino Hillel, sustentavam que o homem podia repudiar a sua mulher por qualquer motivo. Outros seguiam a interpretação do rabino Sammai, que afirmava que "alguma coisa indecente" se referia ao adultério. Os versículos 2,3, e 4 de Dt 24 assinalam várias coisas:
01. Que a ruptura ou o divórcio devia ser feito formalmente, por escrito, e era de caráter definitivo.
02. Que neste único caso, os divorciados ficavam livres para casarem-se com outra pessoa. Praticamente constituía em uma anulação do matrimônio recém contraído.
03. Que o primeiro marido não podia voltar a tomar a mulher que havia repudiado se é que ela tinha tido outro marido depois.
A dificuldade principal desta passagem está no versículo 1, por sua aparente falta de clareza.
Diante disto, Jesus (que nunca caiu em contradições com Moisés) deu a correta interpretação, ao declarar: "eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério" (Mt 19.9).

A cláusula de exceção
O que significa "salvo por causa de fornicação"? A chave para interpretar bem estas palavras de Jesus é reconhecer o significado da palavra "fornicação" especificamente nesta passagem. Estaríamos equivocados se aplicassemos a este texto os diferentes significados que tem a palavra "fornicação" em toda a Bíblia, pois é bem sabido que nas Escrituras uma mesma palavra pode ter diferentes sentidos.
Vejamos alguns exemplos:
A palavra "mundo" (no grego "cosmos"), tem nas escrituras distintos significados: em Ef 1.4, é sinônimo de "o universo"; no Sl 24.1, de planeta "terra"; em Jo 3.16, de "toda a humanidade"; e em 1ª Jo 2.15 ("não ameis ao mundo") refere-se ao sistema de sociedade atual, rebelde e inimigo de Deus.
Seria um erro de interpretação fazer a soma total dos diferentes significados e aplicá-lo a cada versículo da Bíblia aonde aparece o termo "mundo".
O mesmo acontece com a palavra "carne" ("sarx" no grego). Às vezes significa a carne física, o corpo; outras vezes, há humanidade; em outras, a fragilidade humana; e em outras ocasiões se refere a nossa natureza pecaminosa.

Do mesmo modo, a palavra "fornicação" (grego: pornéia) tem na Bíblia pelo menos cinco significados diferentes:
01. Fornicação = relação sexual entre solteiros (1ª Cor 7.2/Dt 22.21/Lv 19.29/1ª Ts 4.3-4).
02. Fornicação = união ilícita, proibida pela lei de Deus (1ª Cor 5.1/Dt 22.30/Lv 18.8/Dt 27.20).
03. Fornicação = todo tipo de pecado sexual incluindo o adultério (1ª Cor 6.13-18/Nm 25.1).
04. Fornicação = prostituição e comércio sexual das prostitutas. A palavra prostituta no grego é "porne", tem a mesma raiz (Lc 15.30/1ª Cor 6.16).
05. Fornicação = infidelidade espiritual, idolatria (Jr 3.6/Ez 23/Ap 17.1-2).

Fica claro que não podemos dar a palavra "fornicação" a soma de todos os significados.

Bem, quem é a autoridade que determina qual é o significado da palavra "fornicação" neste caso, na cláusula de exceção que estamos considerando. A interpretação correta será dada pelo sentido lógico no próprio texto, do contexto e do resto das Escrituras.
Jesus afirma em Lc 16.18 que "quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério". Observamos que o adultério cometido pelo homem não libera sua esposa inocente para poder casar-se com outro.
O próprio texto de Mt 19.9, se lermos com cuidado, nos impede de dar a palavra "fornicação" nesta passagem o significado de adultério, pois ainda que o marido tenha cometido adultério ao divorciar-se e casar-se com outra mulher, Cristo nos adverte que a mulher repudiada e inocente adultera se casa com um outro.
Portanto, não podemos considerar o adultério como a causa do divórcio com a possibilidade de contrair um novo casamento.
Segundo sentido do texto, e de outros textos comparativos, a palavra "fornicação" em Mt 19.9 e 5.32, não tem o significado de adultério. Os dois sentidos possíveis são: ter cometido relações sexuais sendo solteiro(a), ou estar em uma união ilícita, o que deve ser desfeito.
É também importante notar que Jesus nunca disse: "salvo por causa de adultério" (grego: moicheia). Sempre disse: "salvo por causa de fornicação" (grego: pornéia). E quando uma pessoa divorciada se casa com outra nunca disse que cometeu "pornéia" mas sim "moicheia". "Qualquer que repudiar a sua mulher, salvo por causa de "pornéia" (fornicação), e se casar com outra, "moicheia" (adultera); e o que se casa com a repudiada, "moicheia" (adultera) Mt 19.9.
As próprias declarações de Jesus nos impedem de darmos a palavra "pornéia" em Mt 5.32 e 19.9 o significado de adultério.

Isso explicaria o que disse Moisés: "se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não foi agradável aos seus olhos, por ter achado coisa indecente nela, e se ele lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de casa;". O homem ao casar-se, o que poderia encontrar na mulher que seja indecente? O sentido mais provável é que encontre que sua mulher não é virgem. Quando este tipo de situação aparecia, existiam, segundo a lei, dois procedimentos a seguir: se existia entre o casal litígio, o marido podia encarar um juízo público. Se fosse sem litígio, ele não a queria mais como esposa, deveria redigir uma carta de repúdio e despedi-la definitivamente.
Dt 22.13-21 explica o procedimento de um caso de litígio entre o marido e a mulher que se requeria para sua solução um juízo oficial. Se for comprovada a inocência da mulher e sua virgindade, ele devia pagar uma multa ao pai dela "ela ficará sendo sua mulher, ele não poderá manda-la embora durante a sua vida" (v 19). Mas se ficava provado que ela não era virgem quando se casou, devia ser apedrejada e morta (vrs 20-21).
Dt 24.1-4 assinala outro procedimento a seguir quando surgia o problema. Seu marido queria anular o recente casamento "por ter ele achado coisa indecente nela", indecência que ela não negava, redigia uma carta de divórcio, entregava para ela e ambos ficavam livres.
Jesus se referiu a esses casos ao dizer: "salvo por causa de fornicação". É dizer, somente nestas circunstâncias se o homem se divorcia e se casa de novo não comete adultério, e se a mulher repudiada se casar com outro não adultera (tão pouco o que se casa com ela).
Portanto, o marido tem outra possibilidade: perdoá-la e recebê-la como sua esposa. De modo que o ensinamento de Moisés e o de Cristo coincidem. Jesus não contradisse a Moisés, mas sim o ratifica e o esclarece.

Por que Mateus é o único que incluem a cláusula de exceção? Segundo o meu parecer, como Mateus escreve seu evangelho para os judeus, tomou o cuidado de mencionar a exceção para que não pareça que havia uma contradição entre Moisés e Jesus. A cláusula de exceção tem em realidade uma utilidade prática muito remota.


Qual era a intenção da lei em Dt 22.13-21 e Dt 24.1-4
01. Advertir a todas as meninas e moças de Israel que mantivessem sua virgindade até o dia do seu casamento.
02. E se alguma moça havia pecado e perdido sua virgindade, sabendo dos riscos que corria, contasse antes de casar-se o seu verdadeiro estado ao seu pretendente (o mesmo deveria fazer o homem).
03. No caso em que a mulher estivesse em falta e ele não a quisesse como esposa, teriam uma opção pacífica para resolver o conflito sem necessidade de recorrer ao juízo público e a conseqüente pena de morte.
04. Proteger a mulher repudiada para que o homem que a havia repudiado não tivesse dali em diante nenhuma autoridade sobre ela.
05. Deixar livres os dois para contrair um novo casamento, pois praticamente se tratava de uma anulação do casamento recém realizado.

As instruções do apóstolo Paulo


1ª Cor 7: esta é a passagem mais extensa e quem sabe a única das epistolas que aborda esta questão. Pelo que diz no primeiro versículo, Paulo está respondendo a uma série de questões que lhe haviam perguntado os irmãos de Corinto.
É uma das poucas ocasiões em que o apóstolo Paulo distingue com claridade o que disse o Senhor e o seu parecer pessoal.

Enquadrado dentro deste conselho pessoal, Paulo recomenda aos solteiros, as moças e aos viúvos que, se tem o dom de continência, sigam seu exemplo de manter-se celibatários, porque "o tempo é curto", e para dedicarem-se mais ao Senhor. Mas deixa muito claro que se casam "não pecam"; se casarem "fazem bem" e se não se casarem "fazem melhor". Mas em nenhum lugar disse aos divorciados que se casam não pecam. Nos vrs 10-11 fala da situação dos casados: "ora, aos casados, ordeno, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido (se, porém, ela vier a separar-se, que não se case ou que se reconcilie com o seu marido); e que o marido não se aparte de sua mulher".

O Senhor disse claramente "que não se separe". Mas se a separação se produz, seja por desobediência ao Senhor, ou por que a convivência se tornou insustentável, ou por quê o cônjuge incrédulo decide separar-se ou divorciar-se; as alternativas são duas: "fique sem casar ou se reconcilie com seu marido". A separação é um mal (ao qual às vezes temos que resignarmo-nos). Contrair um novo casamento constituiria no segundo erro, muito mais grave que o primeiro, pois seria, segundo as palavras de Jesus, cometer adultério. Por isso Paulo enfatiza: "mando, não eu, mas o Senhor".
Nos Vrs 12-16, o apóstolo aborda uma situação pontual: o caso em que um dos dois se converte e o outro não. Lendo cuidadosamente esses versículos, notamos o seguinte:
01. O cônjuge crente não deve abandonar ao não crente.
02. Se o cônjuge não crente se separa, o crente deve aceitar com paz esta situação.
03. Em nenhum lugar deste capítulo disse que o crente abandonado por seu cônjuge infiel pode voltar a casar-se.

Os que vêem no versículo 15 liberdade para casar-se com outro, estão tirando o texto fora do seu contexto. Nos versículos 10 e 11, Paulo deixa bem claro que se houver a separação devem ficar sem se casar.
Aqueles que argumentam que a palavra "corizo" significa "separação por divórcio vincular", se equivocam, pois, o mesmo verbo "corizo" aparece nos vículos 10 e 11 do mesmo capítulo, aonde se assinala que nenhum dos dois tem liberdade para casar de novo. Além do mais, este mesmo termo se usa em At 1.4 e 18.1. Facilmente percebemos que não está se referindo a um divórcio vincular, mas sim simplesmente a uma "separação", e às vezes a uma separação temporal como é o caso de Onésimo e Filemon (Filemon 15). De modo que segundo a luz das declarações de Cristo, e do que Paulo escreve nos versículos 10 e 11, o versículo 15 se deve interpretar com simplicidade como uma mulher crente, abandonada por seu marido incrédulo, não está obrigada a seguir sendo sua esposa, pode ficar só e em paz. Mas o texto não diz que está livre para casar-se com outro homem. Os que afirmam tal coisa, simplesmente fazem por uma dedução. O único caso ao de Paulo explicitamente disse que a mulher está livre para contrair um novo casamento é no caso em que fique viúva: "a mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor". Ainda que Paulo em Rm 7 está falando sobre outro tema, está assinalando o mesmo princípio nos versículos 2 e 3. Paulo diz aqui exatamente o mesmo que Jesus. O que não poderia ser de outro modo. A mulher casada, enquanto viver o seu marido se casar com outro será chamada de adúltera. Tanto para Jesus com para Paulo a segunda união é adultério.

Deus aborrece o divórcio

No último livro do Antigo Testamento, Deus, através do profeta Malaquias, fala muito irado contra os sacerdotes de Israel. Em seu enérgico protesto lhes disse: "e amaldiçoarei as vossas bênçãos; já as tenho amaldiçoado..." (Mal 2.2). Por quê? No capítulo 2 de Malaquias, Deus lhes assinala concretamente três pecados: fazer acepção de pessoas (vrs 9-10); profanar o santuário casando-se com mulheres pagãs (vrs 11-12); e o divorciarem-se de suas esposas (vrs 13-16). Esta passagem é tremenda.

Deus aborrece que se divorcie de sua esposa, porque deixa de cumprir o seu compromisso, o pacto que fez ao casar-se com ela.
Simplesmente, Deus aborrece todo tipo de divórcio, e tolera unicamente a exceção assinalada por ele.

O mínimo e o ideal

Alguns sustentam que o ideal é não se divorciar e viver toda a vida com o mesmo cônjuge, mas dada à realidade do pecado e a complexidade dos seres humanos, devemos ser mais flexíveis e admitir o divórcio e a possibilidade de que as pessoas possam refazer suas vidas contraindo um novo casamento.

Eu pergunto: quem é que manda, nós ou o Senhor? Qual é a palavra que define, a nossa ou a dele?
Se para Jesus o divorciar-se e casar-se de novo é adultério, pergunto: não cometer adultério é o ideal ou o mínimo que Deus exige?
Não diz na palavra de Deus que os adúlteros não herdaram o Reino de Deus?

O ideal é que o marido ame sempre a sua esposa como Cristo amou a igreja.
O ideal é que a mulher sempre, com um Espírito manso e tranqüilo, respeite a seu marido e se sujeite a ele.
O mínimo que Deus exige é que sejamos fiéis ao nosso pacto matrimonial e que não cometemos adultério abandonando ao nosso cônjuge e contraindo um novo casamento.


Resumindo

01. Divorciar-se e casar-se de novo é cometer adultério.

02. Casar-se com uma pessoa divorciada é cometer adultério.

03. Repudiar o seu cônjuge é expô-lo ao adultério.

04. O adultério de um dos dois, não libera o cônjuge inocente para casar-se com outro.

05. Se houver separação, ambos têm somente duas alternativas: ficarem sem casar ou reconciliarem-se.

06. Em um casamento misto, o cônjuge crente não deve tomar a iniciativa da separação.

07. A única exceção permitida de divórcio com a possibilidade de contrair um novo casamento é quando ao casarem-se se descobrem que houve fornicação; e esta permissão é por causa da dureza do coração.

O fato de que as leis de um país permitam o divórcio vincular não modificam em nada a situação dos cristãos, pois nós estamos debaixo do governo de Deus e de suas leis que permanecem para sempre.